São Paulo -
No segundo ano em que a lei de cotas vale para as universidades federais, para
as quais o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é a porta de entrada, pelo
menos três itens da prova abordaram a questão racial. Segundo participantes que
deixavam os locais do exame em São Paulo na tarde deste sábado (26), houve
questões envolvendo a escravatura no Brasil, o racismo no Estados Unidos e a
segregação racial na África do Sul.
De acordo
com o estudante Matheus Moura, de 18 anos, as questões trouxeram textos
próprios de apoio, o que tornou a prova de Ciências Humanas um pouco cansativa.
"Apesar de não achar as questões muito difíceis, havia muitos textos, e
algumas pegadinhas", disse ele. Natália Perez, de 18 anos, afirmou que foi
surpreendida com o número de questões envolvendo política e poder. "Estava
muito chato, caíram coisas sobre burguesia e muita coisa de História",
disse ela, que pretende estudar Direito. A partir deste ano, as universidade
federais precisam reservar pelo menos 25% das vagas para estudantes de escola
pública, respeitando a proporção censitária de pretos, pardos e indígenas de
cada Estado.
MANIFESTAÇÕES
Ao contrário
do que se imaginava, as manifestações de junho no País não foram foco de
perguntas específicas neste primeiro dia de Enem. Mas a Copa do Mundo,
especialmente os gastos do governo para a organização do mundial, foi tema de
uma das questões relacionadas à Filosofia. "A prova não estava tão difícil
assim, mas os candidatos precisavam estar bem informados", disse Ricardo
Napoleão da Silva, de 36 anos. O estudante levou pouco menos de 3 horas para
concluir a prova, aplicada no campus Vila Mariana da FMU, zona sul de São
Paulo.
SITUAÇÃO INDÍGENA
Segundo
alguns candidatos, apareceram perguntas relacionadas à situação indígena no
Brasil e que abordavam o conflito entre fazendeiros e indígenas na demarcação
de terras. "A questão indicava o objetivo de fazendeiros tomarem as áreas
dos índios", disse o estudante Marcos Lima, de 18 anos, que estava fazendo
o exame na Uniban da Vila Maria, zona norte de São Paulo.
Fonte: ESTADÃO