A
cada cinco estrelas similares ao Sol, pelo menos uma deve ter um planeta como a
Terra que seja potencialmente habitável.Essa é a ousada conclusão de um
trabalho feito por pesquisadores nos EUA, baseado em dados do satélite Kepler.
A ousadia é proveniente do fato de que foi preciso realizar alguma ginástica
estatística para chegar a esse número, em razão da pane do telescópio da
Nasa, em maio.“Não podemos contar com nenhum dado adicional do Kepler para
melhorar o baixo nível de completude da amostra de planetas análogos da Terra
além do que reportamos aqui”, afirmam Geoff Marcy, da Universidade da
Califórnia em Berkeley, e seus colegas, em trabalho publicado na última edição
do periódico “PNAS”.
O
Kepler observou cerca de 150 mil estrelas durante quatro anos, monitorando
reduções de brilho que pudessem indicar a presença de planetas passando à
frente delas. Dessas, o grupo separou cerca de 42 mil que fossem
similares ao Sol (tipos K e G) e menos ativas (o que facilita a detecção de
planetas).
Depois,
os pesquisadores procuraram planetas com um software que analisa os dados
do Kepler e localizaram 603, dos quais dez tinham o mesmo porte da Terra,
embora nenhum deles com a mesma órbita do nosso planeta.
Análise
estatísticaA partir desses dados, os pesquisadores procederam com uma
análise estatística para eliminar qualquer viés de observação e extrapolar os
resultados para todas as estrelas da Via Láctea.
O
resultado foi entusiasmante. Cerca de 22% das estrelas do tipo solar devem ter
um planeta na chamada zona habitável (região do sistema onde um planeta poderia
conservar água em estado líquido em sua superfície).Nesse caso, os
pesquisadores adotaram uma definição de zona habitável que inclui mundos que
recebem de um quarto a quatro vezes a radiação que a Terra ganha do Sol. Em
nosso sistema planetário, essa região incluiria Vênus, Terra e Marte.
Desses,
sabemos que hoje só o nosso mundo conserva água em estado líquido de forma
estável. Mas sabe-se que no passado Marte teve água líquida, e essa
possibilidade não está descartada para Vênus.Levando em conta a densidade de
estrelas em nossa região da Via Láctea, Marcy e colegas calculam que o mundo
habitável mais próximo deve estar num raio de “meros” 12 anos-luz de distância.
Agora,
se a busca se restringir a planetas com órbitas bem semelhantes à da Terra, de
200 a 400 dias, os números caem. Apenas 5,7% das estrelas de tipo solar
deveriam ter um mundo assim.
Ainda
assim, é uma ótima perspectiva, levando em conta os 200 bilhões de estrelas que
tem a nossa galáxia.
Fonte:
Folhapress